Shinran e Jodo Shinshu
Hisao Inagaki
I
O Budismo dinfundiu-se para o nordeste além das fronteiras de sua terra natal, Índia, alcançou a China nos primeiros séculos da nossa era e dali penetrou na Coréia e no Japão. A forma de Budismo que foi introduzida nestes países, nos quais desfrutou de popularidade, foi predominantemente Mahayana, o Grande Veículo. A escola Jodo Shinshu de Shinran Shonin, tal como as outras escolas da Terra Pura, pertence ao Mahayana e partilha, do ponto de vista fundamental, de vários sistemas Mahayana, incluídos aí o Zen e o esoterismo tibetano que se tornaram muito populares no Ocidente.
Jodo Shinshu significa “a verdadeira essência do ensinamento da Terra Pura”. Originalmente, este não era o nome da escola. Shinran Shonin não teve a intenção de fundar uma nova escola, mas apenas procurou revelar a essência do ensinamento da Terra Pura que havia sido transmitido e desenvolvido pelos sete eminentes mestres na Índia, na China e no Japão.
Shinran Shonin compilou várias citações das obras destes mestres, dos sutras e discursos da Terra Pura elaborando, deste modo, um sistema abrangente do ensinamento da salvação que se tornou conhecido como Jodo Shinshu, a Verdadeira Escola da Terra Pura, ou Shinshu, a Escola Verdadeira. Este ramo de Budismo da Terra Pura veio a ser largamente conhecido pelo nome de “Shin” desde que Daisetsu Teitaro Suzuki usou inicialmente esta denominação.
Apesar de ser considerado um expoente capital do Zen, Dr. Suzuki de fato contribuiu significativamente para apresentar o Shin ao Ocidente escrevendo artigos e traduzindo os primeiros quatro capítulos do magnum opus de Shinran Shonin, Kyogyoshinshu. Doravante, usarei a abreviação – Shin – para Jodo Shinshu.
II
Todos os sistemas de doutrinas e práticas do Budismo da Terra Pura centram-se num Buda específico chamado Buda Amida. Acredita-se que este Buda resida no paraíso ocidental conhecido como a Terra da Derradeira Bem-aventurança (Sukhavati) ou, mais popularmente, Terra Pura. “Amida” é a leitura japonesa do chinês “O-mit’o” que por sua vez representa o termo sânscrito “Amita”, cujo significado é “imensurável” ou “infinito”. “Amita” é interpretado como representando “amita-abha” (luz infinita” e “amita-ayus” (vida infinita”. Amida é, portanto, mais conhecido no ocidente como Amitabha, o Buda da Luz Infinita, e também como Amitayus, o Buda da Vida Infinita.
Amida é o Buda mais conhecido no Japão, talvez mais popular do que o fundador do Budismo, o Buda Shakyamuni. Sendo um Buda transcendente, além do tempo e do espaço, Amida liberta os que nele têm fé sincera e evocam o seu Nome. Ele envolve os devotos em sua Luz e os acolhe eu sua Terra da Derradeira Bem-aventurança. Sua atividade salvadora é assistida por Bodhisattvas liderados por Kannon (Kuan-yin, Avalokiteshuvara) e Seishi (Shih-chin, Mahasthamaprapta). Vê-em-se estátuas de Amida em meio a estes dois Bodhisattvas em muitos templos no Japão.
Nas três escrituras fundamentais originárias da Índia e Ásia Central encontramos relatos completos da história do Buda Amida, sua atividade libertadora, manifestações gloriosas da Terra Pura e sua natureza essencial, e assim por diante.
Elas também descrevem como podemos nascer na Terra Pura e lá atingir a Iluminação.
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(Extraido do “Budismo Shin – Shinran e Jodo Shinshu –“ do Porf. Hisao Inagaki, )