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　　Shinran Shonin (1173-1263), o fundador da Escola Shin Budismo da Terra Pura do Japão, é considerado uma das maiores figuras religiosas do mundo. Ele pode ser comparado a Martim Lutero (1483-1586), no Cristianismo na medida em que quebrou os grilhões das práticas ritualísticas convencionais e meras disciplinas, e buscou diretamente o caminho da salvação para si próprio e todos seres. Foi menos desafiador ao criticar a autoridade corrupta e muito menos intencional ao criar uma nova ordem religiosa.

 

　　Como Nichiren (1222-1282), o promulgador do “Namumyohorengekyo”, Shinran foi perseguido pelo governo do seu tempo, e foi exiliado para uma região remota. Entretanto, não criticou publicamente nem atacou outras escolas como fez Nichiren. Em vez de denunciar veementemente a corrupção da classe sacerdotal, Shinran permanecia em silêncio sobre a necessidade de mudança e falava aos seus seguidores somente acerca da Grande Compaixão de Amida que “nos abraça e nunca abandona”. Ele não estimulou pessoas a unirem-se ao seu movimento, mas com a recitação do Nembutsu da Mente Confiante serena, pregou a respeito da ação transcendental do Dharma e a atividade infinita do Poder Salvador de Amida que nos liberta do karma maléfico.

 

　　Casou-se, e com os filhos, viveu uma vida como leigo, nada das práticas rígidas estabelecidas pelas escolas budistas tradicionais, mostrando-nos o estilo de vida a ser seguido na era decadente do Dharma, distante do tempo de Sakyamuni. Entretanto, não pretendia ser líder ou revolucionário, o seu olhar se voltava unicamente para as profundas paixões maléficas para as quais Amida fez o Voto.

 

　　Olhando para a sua vida, antes de ser convertido ao Ensinamento do Outro Poder de Amida, Shinran era uma criança desamparada cujo pai Arinori Hino foi certa vez um oficial do governo e depois abandonou o mundo secular para viver em reclusão, e cuja mãe morreu quando ele era ainda criança. O sofrimento na vida infantil pesou muito nos seus ombros e sua mente foi influenciada pela realidade humana.

 

　　Extraído do “Jodo Wasan, Hinos da Terra Pura”, publicado pelo Hongwanji International Center, 1995, com algumas modificações e a ser continuado nas próximas edições.